31 de jan. de 2012

Crianças quietinhas - botou, ficou!


Como nas antigas câmeras o obturador precisava ficar aberto muito tempo para captar a imagem, os modelos tinham que ficar parados vários minutos.

Quem já tirou fotos de crianças (especialmente antes da abundância digital, em que deletam-se 200 tremidas, publicam-se cinco no facebook e ninguém nunca mais vê as outras 40 que ficaram boas), pode imaginar a dificuldade.

Solução dos fotógrafos: pôr as mães escondidas nas fotos, com panos e cobertores, como nessa aí de cima e em outras.

Surreal.

via kottke

29 de jan. de 2012

Juan Manuel Roca - Canción del que fabrica los espejos

Canción del que fabrica los espejos
Juan Manuel Roca

Fabrico espejos:
Al horror agrego más horror,
Más belleza a la belleza.
Llevo por la calle
La luna de azogue:
El cielo se refleja en el espejo
Y los tejados bailan
Como un cuadro de Chagall.
Cuando el espejo entre en otra casa
Borrará los rostros conocidos,
Pues los espejos no narran su pasado,
No delatan antiguos moradores.
Algunos construyen cárceles,
Barrotes para jaulas.
Yo fabrico espejos:
Al horror agrego más horror,
Más belleza a la belleza.

In: Antología de la poesía colombiana, t. 2, por Rogelio Echavarría. 

Canção do que fabrica os espelhos
(Tradução/transcriação de Adriano Nunes)

Fabrico espelhos:
Ao horror agrego mais horror,
Muita beleza à beleza.
Levo pela rua
A lua de azougue:
O cosmo se reflete em um espelho
E os telhados bailam
Como um quadro de Chagall.
Quando o espelho adentre noutra casa
Borrará os rostos conhecidos,
Pois os espelhos não narram seu passado,
Não delatam antigos moradores.
Alguns constroem cárceres,
Barrotes para jaulas.
Eu fabrico espelhos:
Ao horror agrego mais horror,
Toda beleza à beleza.

via acontecimentos

O possível, o impossível, o real*

Pra quem ficou curioso de ler o artigo de André Lara Resende no Valor Econômico, citado por Caetano no Globo de hoje, sobre crise econômica e os limites físicos do planetinha azul ao crescimento econômico como concebido desde o século XX (ou XIX).



*trecho de Saída de Emergência (João Bosco, Wally Salomão, Antônio Cícero)

26 de jan. de 2012

Emotivos Anônimos

fog em Paris
Essa foto incrível do inverno de Paris é do site Secrets of Paris, com dicas sobre.

Por falar em França, recomendo o filme Românticos Anônimos, tradução ruim de título para Les Émotifs Anonymes.




Gostei também da canção, que toca ao fundo no trailer: Big Jet Plane, de Angus e Julia Stone.


Força Estranha




Quando Caetano fez 50 anos, em um especial da antiga TV Manchete sua mãe e sua madrinha declararam e cantarolaram ser essa sua canção preferida de Caetano.

Fazendo 70 este ano, Caetano a gravou ao vivo, com a devida homenagem a Roberto Carlos, que junto com Gal Costa (trilha sonora de Os Gigantes, de Janete Clair), a transformou em hit nos anos 70.

A letra da canção, escrita por um Caetano de 30 e poucos anos, reflete dois temas caros ao cancioneiro caetânico: o tempo (Oração ao Tempo, O Homem Velho) e o ato de cantar (Minha Voz Minha Vida, Genipapo Absoluto).

Não conheço, mas gostaria de ouvir Maria Bethânia cantando essa força estranha.

21 de jan. de 2012

Beatles - 8 anos em 8 minutos

All Together Now - Everything the Beatles ever did. by ramjac

Mashup com todas as canções dos Beatles tocadas ao mesmo tempo, terminando todas juntas.

O início do áudio é meio baixo. Depois, não!

Como é que o George Martin não pensou nisso antes?!

via kottke

20 de jan. de 2012

Bem na fita

Em inglês. 
Tem que ver até o fim do vídeo pra pegar a piadinha. 
É uma web-série (webssérie?)/canal do Youtube.
Parece legal.




via kottke

19 de jan. de 2012

Ciberfilosofia

— O “viral”, basicamente, é tudo aquilo que se espalha rapidamente, enquanto o “meme” é aquele pedacinho de alguma coisa com que as pessoas na internet fazem remix, montagem e várias piadas — explica Kaluan Bernardo, produtor de conteúdo da plataforma youPIX, que celebra, discute e analisa a cultura de internet. — Normalmente o meme vem de um viral, mas nem todo viral é meme.


Ah, bom....

18 de jan. de 2012

Mais Bonita Ainda

De modo geral, gosto mais das interpretações dos compositores de suas próprias músicas, por ser um registro mais próximo da concepção original, que nos revela sentidos e nuances pretendidos.

Como toda generalização, há inúmeras exceções, e mesmo no caso de um compositor como Chico Buarque, cujas canções costumam ser mais na própria voz, as interpretações de Maria Bethânia são uma experiência à parte, como a clássica Olhos nos Olhos. Pena, pena mesmo que o recente show de Bethânia cantando Chico não veio ao Rio.

Outro caso é A Mais Bonita (Chico escolheu o título pra implicar com Tom Jobim, que compusera Bonita), de que há uma gravação de Chico e sua sobrinha Bebel Gilberto em um disco de Chico de 91 bastante esquecido, embora contenha preciosidades como Valsa Brasileira, única canção a estar presente em todos os shows de Chico desde então, sempre com a  mesma luz inspirada na original de Ney Matogrosso para a turnê de Paratodos. Além de A Permuta dos Santos, o Futebol... mas a lista é imensa...

Na letra da canção, composta para a peça Suburbano Coração, o cenário exposto em trechos como "na casa de espelhos espalho meus rostos e finjo que finjo que finjo que não sei" nos permite supôr que Chico quis inverter a etimologia do verbo revelar ("Eu preciso me mostrar / Bonita / Pra que os olhos do meu bem / Não olhem mais ninguém / Quando eu me revelar / Da forma mais bonita") e usando o prefixo re não no sentido de contrário (replicar, rebater), para dizer desvelar, tirar o véu, mas sim no sentido de repetição (reafirmar, repetir), para dizer esconder o escondido, fingir que finge que finge...

Ou será que só eu escuto essas coisas, depois de cantar oitocentas vezes a música?

Cavalo de Paz

Na linha de tantas outras obras que falam da guerra para exaltar a paz, cuja linhagem mais próxima vem de Guerra e Paz, o novo filme de Steven Spielberg, Cavalo de Guerra (não linko o trailer porque, como quase sempre, acho que o trailer conta muito e os pedaços errados do filme - surpeeendam-se, uma vez na vida!), é uma abordagem bastante original e bem-sucedida de um tema que, com seu centenário chegando junto com a Copa no Brasil, deve frequentar bastante as telas nos próximos tempos, a Grande Guerra, como seus coetâneos a chamaram, ou Primeira Guerra Mundial, quando os mesmos e seus filhos perceberam que, infelizmente, havia uma Segunda.

Típico filme de Oscar, embora não haja um americano na história. Sai-se do cinema assoviando o tema de John Williams. Esse site, em inglês, mostra um mapa das andanças do tal cavalo durante a trama. O roteiro, adaptado de um romance, é bem costurado, previsível e surpreendente na medida certa para uma sessão da tarde nas férias, mesmo que as reflexões que o tema Paz e Guerra desperta voem muito além do fim da sessão, e de outras aventuras mais inocentes. Não tivessem os roteiristas em sua bagagem realizações como Billy Elliot, Notting Hill e Simplemente Amor.

17 de jan. de 2012

Recado

A discografia completa de Nara Leão pode ser ouvida no site feito pela sua filha, Isabel Diegues. A reportagem do Globo conta a história.


Eu me deliciei logo de cara com as canções do LP Nara Pede Passagem, de 1966 (Nara com 24 anos!), como o samba de 2 minutos de Paulinho da Viola e Casquinha que dá título ao post. Ou Pranto de Poeta, de Nelson Cavaquinho e Guilherme de Brito. Ou ainda Pecadora, que Zeca Pagodinho gravou e acho que tocou até em novela. Portela, Mangueira, Portela. Fora Chico Buarque, Sidney Miller e outros.


Agora já estou ouvindo Pisa na Fulô, com uma introdução de sopros que lembra Hawaii 5-0, ou algo assim!

Se vocês conhecem alguém que gosta de samba e música brasileira, levem o recado.

16 de jan. de 2012

Fosforecência

É como chamam o fenômeno da bioluminescência em balneários perdidos nas redes neuronais muito além do nosso eu.

Vejam essa galeria de fotos interessantes da bioluminescência causada por uma combinação de fatores climáticos entre 2008 e 2009.

A história das fotos está aqui em português e mais completa aqui em inglês.

E tudo isso porque fui pesquisar a letra da canção Noctiluca, de Jorge Drexler, que contém o verso definitivo "Tenía la edad aquella en que la certeza caduca". Pois é.


15 de jan. de 2012

101 roteiros

Um sujeito levou 2 anos assistindo a e blogando sobre os 101 melhores roteiros de todos os tempos, segundo a guilda americana de roteiristas. (em inglês)

via Austin Kleon, autor de interessantíssimos poemas cobrindo partes de páginas de jornais para revelar ali as palavras da poesia

Chico disco a disco

Cassia, do Musiqueria, está no segundo post em seu desafio de publicar videos de todos os discos de Chico Buarque. Sorte nossa.

Por minha vez, a música do Chico com que acordei hoje na cabeça (tem sempre uma...) foi A Ostra e o Vento, do filme,
aqui na versão de Ná Ozetti e André Mehmari,





cuja melodia originou-se de um tema com que Chico embalava o neto Chiquinho (vai, Chiquinho, vem, etc).

Já a letra tem requintes e quitutes vários:
  • rimas no início dos versos (li uma vez num lugar que não vou googlar que isso é coisa de Rimbaud, corrijam-me aí): cai/vai/raia/pai/paisagem/paira  - vem/tem/meu bem
  • delicadas rimas assonantes (?), das que ele vem cultivando cada vez mais nos últimos discos - ralha/folha, nome/perfume, caramujo/estojo, peixe/mexe
  • uma frase que parece tirada de um livro de García Márquez (ou de Chico Buarque):  "Jogada num quintal, enxuta, a concha guarda o mar no seu estojo"
  • inversão de sonoridade criando aliterações (ou algo assim): conceda/descansar. Exemplo em O Velho Francisco, entre duas estrofes: cobertor comida roupa lavada/tive terra arado cavalo e brida. Ou será que só eu escuto essas coisas, depois de cantar oitocentas vezes a música?

Off-price (Ferreira Gullar)

Off price


Que a sorte me livre do mercado
e que me deixe
continuar fazendo (sem o saber)
                 fora de esquema
                 meu poema
inesperado


                e que eu possa
                cada vez mais desaprender
                de pensar o pensado
e assim poder
reinventar o certo pelo errado

GULLAR, Ferreira. Em alguma parte alguma. Lisboa: Babel, 2010.


via ACONTECIMENTOS

13 de jan. de 2012

gol de Zico


Às vezes a gente esquece, e naquele tempo não tinha estatística. Dados relevantes do gol:
  • 9 passes sem o adversário tocar na bola
  • 6 jogadores participando da jogada
  • 31s de posse de bola, do tiro de meta ao gol
  • gol aos 81min do primeiro jogo da temporada, após uma "pré-temporada" de apenas 6 dias
  • 3° gol de uma virada após estar perdendo por 2x0 no intervalo
  • o São Paulo era então campeão paulista e vice brasileiro
  • calor de 20 de janeiro no Rio
  • Zico fizera os últimos 22 jogos (um pela seleção - marcou um gol no jogo) da temporada anterior em 73 dias, em 6 países, incluindo uma viagem ao Japão - fora Ítalo del Cima, Petrópolis, Volta Redonda, Porto Alegre...
Messi e cia, encaravam?

Não é pra implicar com os fãs do blaugrana não, incluo-me e por sinal escrevo vestido com a camisa do Barcelona.

Tá certo, é a retrô do Cruyff, mas mesmo assim...