3 de jul. de 2013

Coração de Criança

Pelo visto é o meu.
Nesses gráficos que mostram os filmes favoritos da Pixar na opinião de críticos e crianças, eu sigo as crianças: Monstros S.A. em primeiro, sem discussão.


28 de jan. de 2013

Karenin e a burocracia

Firme na leitura de Anna Karenina (37% já foram, segundo o Kindle), com boas perspectivas (graças às férias) de terminar antes da estreia do filme (trailer) em 15/2.

Entre muitas alegrias na leitura, topei hoje com o sensacional capítulo 14 da terceira parte (são oito partes...), em que Karenin escreve uma carta à esposa com sua "solução" para a questão da infidelidade de Anna.

Após escrever essa carta tão dramática e importante, Karenina divaga e passa a pensar em problemas de seutrabalho no governo, ocasião para Tolstói descrever em minúcias os emaranhados da burocracia da época, e a satisfação de Karenin com tais superficialidades. 

Podia ter sido escrito anteontem:

"Seus olhos estavam no livro, mas ele estava pensando em outra coisa. Não na sua esposa, mas em uma questão que surgira recentemente em sua atividade oficial. [...] Sentia que agora enxergava mais profundamente que nunca a questão, e que uma ideia perfeita (podia dizê-lo sem se gabar) lhe ocorria, a qual iria desembaraçar o problema, fazê-lo progredir na carreira, aborrecer seus inimigos e portanto ser de grande valor para o Estado.

[...] A irrigação da província de Zaraysk começara com o antecessor do antecessor de Karenin. Uma grande soma de dinheiro havia sido gasta improdutivamente na questão, e era evidente que o projeto não daria em nada. Quando Karenin assumiu o cargo, percebeu logo e quis suspender o projeto, mas não estava suficientemente seguro no cargo. Depois, ocupou-se de outras coisas e simplesmente esqueceu a questão. Como todas as coisas desse tipo, o caso continuou por si só, por inércia.

[...] Karenin considerava desonesto que outro departamento chamasse a atenção do problema, mas uma vez que o desafio fora lançado, ele iria aceitá-lo bravamente, ordenando a indicação de um comitê para investigar e relatar o trabalho do Comitê de Irrigação da Província de Zaraysk, sem no entanto ceder um milímetro aos cavalheiros que haviam levantado a questão. Ao mesmo tempo, ele exigiria a indicação de um comitê para investigar a atuação do comitê responsável pela organização das outras raças na província, que fora motivo de conflito entre ele e outros ministros.

[...] A questão tinha ficado adormecida, mas agora Karenin pretendia exigir, primeiro, a formação de uma nova comissão para investigar in loco as condições desses povos; em segundo lugar, se tais condições se provassem como pareciam ser de acordo com os relatórios, que uma outra comissão científica fosse nomeada para estudar as causas das condições deploráveis dessas raças, nos seguintes aspectos: (a) políticos, (b) administrativos, (c) econômicos, (d) etnográficos, (e) materiais e (f) religiosos; em terceiro lugar, a obtenção de informações junto ao comitê responsável quanto às providências tomadas nos últimos dez anos para evitar o estado de coisas atual; e em quarto lugar, que o departamento em questão esclarecesse porque agira em contradição direta com os princípios da constituição e lei orgânica (Vol. ?, Art. 18 e nota de rodapé ao Art. 38), conforme mencionado nos expedientes submetidos ao Comitê com os números 17015 e 18308, de 5 de dezembro de 1863 e 7 de junho de 1864. 

Um rubor de animação inundou o rosto de Karenin à medida em que escrevia rapidamente um resumo dessas ideias. Tendo coberto uma folha inteira, levantou-se, soou a campainha e mandou uma mensagem ao seu chefe de gabinete, pedindo algumas referências que precisava verificar.

Depois de andar de lá para cá no escritório, olhou novamente o retrato da esposa, franziu o rosto e sorriu com desdém. Retomou a leitura do livro, novamente interessado. Recolheu-se às onze, e, enquanto se deitava, ao se lembrar do que ocorrera com a esposa, aquilo não se lhe pintava mais com cores tão sombrias."

18 de set. de 2012

Sombras, mapas, nuvens


Pesquisando na Internet vi que tem muitas imagens dessas, aparecendo a sombra do carro do Google Street View,  mas topei com essa por acaso, pesquisando sobre Hanley Swan, vilarejo inglês que foi a base para o ficcional Black Swan, do livro Black Swan Green, de David Mitchell.
Emendei na leitura desse após Cloud Atlas (por enquanto só em inglês), do mesmo autor, que foi o primeiro livro que li no Kindle do qual senti falta da sensação do papel impresso, do cheiro, do peso de quanto falta e quanto já foi lido.
Talvez porque tenha sido o melhor livro que li no Kindle até agora, e um dos melhores dos últimos tempos em qualquer suporte.
Recomendo, deve sair logo a tradução por causa do filme, que estreia em dezembro no Brasil com o título (ruim) de A Viagem. Tom Hanks, Halle Berry, Hugh Grant, Susan Sarandon, alguns em vários papéis, e direção dos Irmãos Wachowski, de Matrix (qualquer googlada traz bastante material sobre o filme, eu que odeio trailers não vou ficar linkando).
Também não gosto muito de contar a história dos livros, mas dá pra dizer que é um romance com seis histórias diferentes, com estilos diferentes (diários, cartas, policial, memórias, depoimentos, ficção científica etc.) contadas em sequência, passadas em várias épocas (fim do século XIX, anos 30, anos 70, atualidade, futuro e futuro depois desse futuro) e lugares (Pacífico Sul, Bélgica, Califórnia, Inglaterra, Sudeste Asiático e Havaí).
Os pontos de contato entre as histórias podem ser comparados ao retorno de motivos musicais em uma peça sinfônica. Além disso, personagens de uma história do romance aparecem lendo outra.
No fim o conjunto faz todo o sentido e, apesar de dizendo assim não parecer, não é uma leitura difícil, pra quem leu seu García Márquez e/ou Italo Calvino (influências do autor, ao lado de Milan Kundera. Bem acompanhado).
O título original (Cloud Atlas) refere-se às diversas manifestações da natureza humana, que é sempre a mesma ao longo da História, porém com infinitas variações. 
Um dos temas do livro é a dominação do homem sobre o homem e de grupos sobre homens/grupos, o que garante algumas cenas e climas violentos e às vezes muito opressivos, mas a mensagem geral é pacífica e otimista, achei eu.
Tem um quê de Guerra e Paz e mais não digo.
Só lendo mesmo.

19 de jul. de 2012

Tantos relatos, tantas perguntas.

Apesar do charme inegável e da tradição dos Jogos Olímpicos, como tudo o mais a sustentação do sonho depende dos anônimos que pegam no pesado, conforme mostra (em inglês) o site (recomendo) Sociological Images.




A área marcada na primeira foto, em zoom na segunda, indica os trailers provisórios onde os trabalhadores temporários, na maioria migrantes, estão acomodados (?).
"As queixas incluem:

- superlotação;
- insuficiência de sanitários, consequentemente imundos;
- goteiras que os próprios trabalhadores devem consertar, ou ´viver desse jeito mesmo´;
- água parada ao redor dos trailers obrigando os trabalhadores a fazerem passagens com pedras;
- mulheres colocadas para viverem em trailers com homens que não conhecem.
 Segundo o jornal Daily Mail os empregados assinaram contratos que os impedem de falar com a imprensa e família e amigos são barrados do local por ´razões de segurança´." (tradução nossa)
     

A cidade não para, a cidade só cresce

Dos blogs Rio de Fotos, Foi um RIO que passou e Saudades do Rio, fotos da abertura da Avenida Presidente Vargas, com a marcação do local da Igreja de São Pedro dos Clérigos, "único e último exemplar no Rio de Janeiro de igreja barroca de nave redonda".





18 de jul. de 2012

Laia ladaia

O mais incrível é que a versão original do disco Transa (1972) parece às vezes mais moderna que a outra, já no século XXI.
A gente não sabe dele, mesmo.
Mas ambas as versões são de apertar o repeat, de novo, de novo, e de novo...