4 de fev. de 2012

Can´t buy me love

Embora tenha certeza (?) de ter lido, em 91, essa entrevista de Caetano em que ele já contava por alto a história, devido a alguma amnésia seletiva não fazia ideia, até ler há pouco tempo uma de suas colunas (em jpg, é melhor salvar a imagem e depois ampliar), de que a glosa ao mote "dinheiro não" que é a canção Beleza Pura era inspirada em versos de  Elomar:

O verso “Não me amarra dinheiro, não”, que abre “Beleza pura”, se inspirou numa canção que amei desde a primeira vez que ouvi. Roberto Santana me apresentou a um amigo seu que cantava uma cantiga deslumbrante: “Apois pro cantador e violeiro/ Só há três coisas nesse mundo vão:/Amor, viola, alforria e nunca dinheiro/ Viola, alforria, amor. Dinheiro, não.” Sempre quis crer que foi do próprio Elomar, genial autor da canção, que a ouvi pela primeira vez. Mas Santana, que já gosta de pôr em dúvida minha memória, mesmo em coisas de que tenho certeza, aqui teria muita chance de me desmentir com razão. [...] Meu sonho seria cantar, num próximo show, Violeiro com a BandaCê, mas não me conformo de não atingir o grave na palavra "cantador", que na voz do autor soa simplesmente divina. Acho que não vale a pena mudar de tom: tem que ser aquele som da voz de Elomar no grave. O que importa é que cada repetição do refrão de "Beleza Pura" possa trazer ao pensamento do ouvinte o conteúdo de Elomar.

A letra de Elomar fala ainda em "ness(t)e mundo vão", que Caetano usou anos depois como verso de Branquinha, e beleza pura invertida foi parar em Sina, de Djavan.


É de certa forma irônico e indicador da imensa força contrária do "dinheiro sim" (ou do "dinheiro só" - bem pior) que Beleza Pura tenha virado título e música-tema de novela e que ao ver o vídeo no Youtube apareçam anúncios oferecendo crediário.


Mas (ou por isso mesmo) a beleza das canções e da ideia permanece, pura.



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